O ANJO ENCARNADO / Solange Berard Lages Chalita
Ao receber a honrosa missão de escrever o prefácio do livro O anjo encarnado, de Solange Lages Chalita, texto adensado por um aparato mítico-poético que dialoga com a imagem arquetípica angelina, senti impacto e deslumbramento. Li de uma só vez e, a cada página, algo me inquietava: - Anjo encarnado! Queres também vasculhar meu mundo submerso? Não bastou irromperes na memória intuitiva, sensível de Solange? Não permiti que me respondesse e li o livro de trás pra frente, abrindo páginas esparsas, procurando cada vez mais me distanciar(ou aproximar?) do universo lírico da autora. A construção deste livro é um processo ímpar. Solange estava em fase de escrita da sua tese de doutorado, cujo corpus era o romance O anjo, de Jorge de Lima, tarefa que requer o exercício da racionalidade, do rigor acadêmico, da precisão teórica e da objetividade. Mas, imperiosamente, a poeta que existe em Solange não se contentou em apenas construir um discurso de natureza/obrigação acadêmica, que escapava à sua sensibilidade artística. Inicia-se, então, um duelo entre a ensaísta e a poeta e o resultado é um outro texto. Assim, a obra que agora lemos é um grande diálogo com o anjo criado por Jorge de Lima; a construção poética de O anjo encarnado é um discurso intertextual com a obra do grande poeta alagoano, palimpsesto arquetípico que a escritora vai desnudando passo a passo com o cinzel da palavra, à medida em que novas representações do anjo vão sendo reveladas em discurso lírico, pois “para que não te percas/ no extravio/ da memória/ escrevo-te/ meu anjo”. Edilma Acioli Bomfim
SOLANGE BERARD LAGES CHALITA é natural de Maceió,(AL). É casada com o pintor Pierre Chalita. Escritora e Artista Plástica.
Licenciou em Letras Clássicas pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras Santa Úrsula da PUC, no Rio de Janeiro e bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas. Doutorou-se em Literatura Brasileira em 2008, a UFAL, com a tese O Anjo Encarnado: aspectos mito poéticos de uma aventura compartilhada no modernismo brasileiro”. Publicou Reflexos aqueus na Ilíada. (ensaio-1962). Canto Anônimo (poesia-1967). Canto Sinônimo (poesia-1970), premiado pela Academia Alagoana de Letras. Canto/Desencanto (poesia-1975). Passagem (contos-1979), premiado pela Academia Alagoana de Letras. LILY LAGES (ensaio-1978). Uma leitura junguiana do cordel nordestino: dois exemplos (ensaio-2002). Canto Mínimo - São Paulo: Scortecci, 2008. Iniciou-se como artista plástica, no Ateliê de Pierre Chalita, na década de 70. Realizou exposições individuais no Brasil eno exterior, e, em parceria com seu marido, em Madri, Buenos Aires e Lima. Pertence às seguintes instituições culturais: Academia Alagoana de Letras. Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Membro da União Brasileira de Escritores (U.B.E.). Academia de Letras e Artes do Nordeste, Associação Alagoana de Imprensa, Associação Brasileira de Críticos de Arte. Atualmente é presidente da Fundação Pierre Chalita, instituição, que abrange dois museus de arte, pilares da cultura alagoana.
Serviço:
O Anjo Encarnado
Solange Berard Lages Chalita
Socortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-1215-7
Formato 14 x 21 - 104 páginas
1ª edição - 2008