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OFERENDAS INÚTEIS / Josina Nunes Drummond (Jô Drummond)



Uma “soirée” inesquecível, na Biblioteca Pública Estadual de Vitória, reuniu muita gente elegante, inteligente e estudiosa, em comemoração dos 70 anos da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras (AFESL). O encontro festivo das imortais me remeteu a reflexões sobre a efemeridade e a finitude da existência humana. Dentro de uma década, na festa dos 80 anos, certamente algumas de nós não estarão mais aqui. Talvez eu seja uma delas. Com certeza, na festa dos cem anos, quase todas as quarenta cadeiras terão novas ocupantes, que darão continuidade ao nosso labor literário. Não sei se isso me deixa alegre, pelo fato de existir, ou triste, pelo fato de ter que partir. Não há como lutar contra as leis da natureza. Somos apenas passantes. No entanto, insistimos em deixar nossos traços por meio da escrita. Trata-se, de certa forma, de uma doce vingança contra a inexorabilidade da morte. Nossos escritos permanecerão mais tempo que nós, mas eles também terão sua finitude. Tudo depende das condições atmosféricas. Estas dependem do sistema solar. O Sol, como toda estrela, um dia se apagará, apagando juntamente com ele nossos sonhos e nossos traços.
Jô Drumond

Oferendas inúteis nos envolve com experiências vividas pela autora: caminhadas na Mata Atlântica, com mostras da sábia natureza no reino animal, em “Morte gerando vida”. No texto “Somos apenas passantes”, em data comemorativa dos 70 anos da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, a autora faz reflexões sobre o tempo vivido, sobre a finitude da existência humana e sobre a imortalidade literária. Tais reflexões se somam, em “Santa Cena”, à analogia da arte efêmera e da impermanência das coisas. Ao contemplar a escultura em tamanho natural da Santa Ceia, em areia, na Praia de Camburi, impressiona-se com a persistência do artista em refazê-la, sempre que é deformada por vândalos. A autora compara a efemeridade da arte à da passagem humana pela vida; na crônica “Oferendas inúteis”, menciona o inusitado oferecimento de bens materiais aos mortos e às divindades; na instigante visita a São Thomé das Letras, descreve o misticismo que envolve o local; no Velho Mundo, percorre vinhedos franceses e aborda em “O paradoxo francês” a provável relação do consumo de vinho com a longevidade dos franceses; relata sua escalada de aperfeiçoamento no magistério, da alfabetização ao ensino superior, em “Apuros e alegrias na regência de classe”; o final é reservado para reflexões sobre um tema atual: “Hospital fronteiriço”, que mostra a atuação dos profissionais da saúde no conflito do Oriente Médio, e “Guerra: prática desumana da humanidade”, no qual tece reflexões sobre o instinto beligerante do ser humano no tempo e no espaço.
Terezinha Tristão Bichara - (Clube do Livro de Vitória)

Jô Drumond (Josina Nunes Drumond), nascida na fazenda da Charneca, no sertão de Minas, está radicada em Vitória (ES) desde 1989. É professora universitária aposentada, pesquisadora, tradutora juramentada, poeta e artista plástica. É PhD em Literatura Comparada, Doutora em Semiótica (subárea Literatura e Artes Plásticas), Mestre em Literatura, pós-graduada lato sensu em Literatura e em Arte Barroca, graduada em Letras, Artes Plásticas e Langue, Civilisation et Littérature Françaises (França). Ganhou quatro bolsas de estudos na França, sendo uma na Universidade de Sorbonne, em Paris, e três no Centro de Linguística Aplicada da Universidade de Franche-Comté, em Besançon. É membro efetivo da Academia Feminina Mineira de Letras, vice-presidente da Academia Espírito-Santense de Letras e da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras. É membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e do Conselho Estadual de Cultura. Tem 26 livros publicados (ensaios, contos, crônicas, poemas, literatura infantil) e diversas publicações em antologias, jornais, revistas científicas, anais de congressos nacionais e internacionais.

Serviço:

Oferendas Inúteis
Josina Nunes Drummond (Jô Drummond)

Scortecci Editora
Crônicas
ISBN 978-85-366-6755-3
Formato 14 x 21 cm
84 páginas
1ª edição - 2024
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