O REPÓRTER / Marco Cotrim
“Havia algo pairando sobre as caraminholas de Fausto Tenaz. Aquela história da Vila Brasil não estava se encaixando em seus preconceitos, adquiridos em vinte anos de cinismo que a profissão lhe havia proporcionado. Parecia uma enorme patranha em que alguns poucos sempre ganham muito dinheiro e muitos perdem o pouco que têm. Aqueles dezoito conselheiros, experts em vários aspectos da atividade humana, administrando aquele gigantesco complexo econômico... Algo não cheirava bem, deveria haver alguma coisa muito errada. Se ele aprendera algo em sua carreira de repórter investigativo, era o ceticismo que conduzia seu pensamento. Se havia uma pequena chance de algo estar podre, com certeza estaria.”
Fausto Tenaz, como todo bom repórter investigativo, é cético por natureza e obstinado por dever de ofício. Um vultoso investimento internacional no Mato Grosso do Sul que desperta tremenda euforia entre os brasileiros, para Fausto, é motivo de grande desconfiança. Algo sugere que o inusitado e envolvente experimento econômico-sociológico da “cidade laboratório”, criada com o propósito de impulsionar um avanço moral na humanidade, é atravessado por um caudaloso rio de dinheiro de origens muito questionáveis. Para desatar os nós dessa complexa história, Fausto conta com o apoio de um velho amigo italiano, jornalista laureado e autor de livros sobre a Operação Mãos Limpas, que o coloca no olho do furacão. Ele vai até a Itália e a Inglaterra, percorre o submundo da máfia, da espionagem e da lavagem internacional de dinheiro, além de gabinetes mais discretos, onde se decidem os destinos das nações. Dividido entre uma paixão arrebatadora e a segurança de um amor tranquilo, o repórter encontra, nos porões da criminalidade, indícios de como as elites do mundo manipulam a sujeira financeira, com a finalidade de acumular mais dinheiro, influência e poder. Mas tanta audácia vai cobrar um preço...
Marco Cotrim, 73 anos, foi médico sanitarista e auditor. Aposentado, atualmente é escritor. Mora em Taubaté (SP), é casado, pai e avô. As irmãs mais velhas foram professoras e lhe despertaram o interesse pela leitura desde muito jovem. Só começou a publicar aos 71 anos, tendo lançado a primeira edição de O repórter. Por que começar a escrever tardiamente? Ele responde com o microconto “A descoberta”.
A descoberta
— Olá, como vai?
— Continuo vivo. E você?
— Nem tanto, mas fiz uma descoberta.
— Descobriu o quê?
— O motivo do meu interesse tardio pela literatura.
— Qual é?
— Vecchiaia. Sinto falta de conversa. Todos estão ocupados, só se reúnem em churrascos ou reuniões de trabalho. Tudo é muito utilitário, não há mais tempo para nada. Faltam amigos, faltam praças, faltam minutos; falta quase tudo que eu tive na juventude.
— É assim mesmo: “O mundo gira e a Lusitana roda”. Qual é o problema?
Serviço:
O Repórter
Marco Cotrim
Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-6942-7
Formato 16 x 23 cm
340 páginas
1ª edição - 2024