Metendo o pé na Lama
Cid Castro se prepara para o lançamento de seu livro sobre os bastidores do Rock in Rio de 1985.
Com lançamento previsto para o primeiro dia da 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (14/08), às 19 horas, no estande do Grupo Editorial Scortecci, “Metendo o Pé na Lama”, do publicitário Cid Castro é a história real de um jovem de 23 anos vindo do exterior do Brasil que, de uma hora para outra, se vê envolvido na produção do maior festival de rock do mundo, quando sua marca é escolhida quase por acaso, para ser o logotipo oficial do Rock in Rio Festival de 1985.
A idéia visionária de Roberto Medina, a construção da cidade do Rock, o embargo do Governador Leonel Brizola, a interferência do futuro Presidente Tancredo Neves, as profecias de Nostradamus, o fracasso financeiro: são alguns dos temas fortes que completam a trilogia: sexo, drogas e rock´n roll. "Metendo o pé na lama" é um relato exclusivo e apaixonado dos bastidores do festival que mudou para sempre o panorama musical brasileiro.
Cid Castro começou sua carreira na Denilson Publicidade no Rio de Janeiro em 1982. No mesmo ano é contratado pela Artplan Promoções. Em 1984 cria a marca do Rock in Rio Festival. Permanece na Artplan Publicidade até 1989, quando muda-se para a Europa. Trabalha na JW Thompson Publicidade e torna-se diretor de criação da DDB Publicidade Lisboa. Vive hoje como free-lancer em Portugal.
A idéia do livro
O Rock in Rio de 1985 foi um dos acontecimentos sócio-culturais mais importantes que o Brasil viveu nos últimos anos. Corou a democracia ao anunciar o nosso primeiro presidente civil, depois de longos anos de ditadura militar, e influenciou a abertura política nas ditaduras vizinhas. Lançou os novos talentos do rock dos anos 80, relançou músicos que estavam desaparecidos da mídia e abriu as portas do país ao Show Business internacional. Cid Castro teve o prazer de fazer parte da equipe que viabilizou o festival, e a honra de ter criado a marca para o evento. Com o ressurgimento de uma nova versão do Rock in Rio na Europa, resolveu contar a história dos bastidores do primeiro e genuíno festival. Motivado pela quantidade de relatos apaixonados que ouve até hoje, tentou com esse livro, acrescentar uma parte que faltava as histórias de quem esteve lá com ele, metendo o pé na lama.
Os bastidores
Pouquíssimas pessoas sabem o que realmente se passou. Do briefing passado para o departamento de criação até o ultimo dia do festival, aconteceram coisas que até Deus duvida. A instabilidade politico-econômica era grande, fim da era Figueiredo com os partidos de esquerda se reorganizando. Três anos antes, a bomba no Riocentro quase fez explodir a abertura política e os partidos de direita investiam pesado num candidato civil à presidência da república, chamado Paulo Salim Maluf. Ninguém sabia o que estava para acontecer. O milagre econômico havia acabado e os empresários não queriam arriscar em nada, muito menos numa loucura chamada rock’n roll. Estava tudo contra o festival: a política, o meio empresarial, a igreja, a tradicional classe média brasileira, e até Nostradamus apareceu para tentar destruir o Rock in Rio.
Paralelo entre o vivenciado na época e o Rock in Rio atual – por Cid Castro
Se fizermos um paralelo do Rock in Rio de 1985 e os que aconteceram posteriormente, (1991-2001-2004-2006-2008) a diferença é abismal. Desbravamos o território do show business internacional na base da porrada, já que só contávamos com a nosso arrojo profissional e praticamente nenhuma experiência. Erramos em muita coisa e acertamos em outras tantas, mas penso que o mais importante foi ter havido um bom começo. Acompanhei a produção das recentes versões européias do Rock in Rio (Lisboa e Madri) e fiquei impressionado como as coisas mudaram. Da captação dos patrocinadores envolvidos, passando pela organização do festival e a brutal tecnologia que envolve hoje o evento, é tudo diferente. É como comparar o carnaval do Rio de Janeiro dos anos 70 ao que se vive hoje na Marques de Sapucaí.
O conceito atual do festival mudou, porque o mundo também mudou. A sociedade de consumo consome hoje muito mais coisas do que consumia há 20 anos. O desejo de liberdade, a luta contra o regime ditatorial, eram ambições de quase todos os jovens daquele tempo. Hoje anseia-se pelo I-Phone3G ou estar no Second Life.
Quantas pessoas estariam dispostas hoje a chafurdar durante horas numa lama fétida debaixo de um dilúvio carioca?
O Rock in Rio transformou-se numa Disneylândia, com desfile de modas, pista de neve, e agências bancárias eletrônicas, fornecendo o dinheiro necessário para que todos possam saciar a sua sede de consumo. Não quer dizer que isso seja melhor ou pior, as coisas são como são. É um reflexo da sociedade em que vivemos. Independente do formato, o importante num festival de rock é a comunhão do público com o evento.
Fonte: Portal - Correio de Uberlândia. 29.07.2008 - Da Redação.
Serviço:
Metendo o Pé na Lama
Cid Castro
Scortecci Editora
Formato 14 x 21 - 204 páginas
1ª edição - 2008