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Sobre as imagens do cotidiano

A escritora Nilze Costa e Silva não quer se omitir. As histórias de vida contadas em seu mais novo livro, o oitavo de sua carreira ficcional, são recriações a partir do cotidiano, dos caminhos e descaminhos do ser humano. "Eu me sinto uma psicóloga nata pelo gosto de observar o mundo e as pessoas. E tenho necessidade de traduzir o espanto que às vezes sinto quando vejo certas coisas através da escrita. Não posso simplesmente esquecer tudo", diz a autora de Tudo por causa do Sol, que será lançado hoje (02.10.2008) às 19h30min no Centro Cultural Oboé. O livro é o coroamento de cinco anos de trabalho que fizeram surgir os 25 contos, as 16 crônicas e os 13 "diálogos" desta edição – que sai pela editora Scortecci com o selo REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras).

Dividido em três partes, o livro, segundo a autora, é uma ficção não tão ficção assim. "Minha literatura está muito baseada em minhas vivências". E é impossível não perceber, em alguns poucos minutos de conversa com Nilze, que suas visões de mundo são profundamente influenciadas por seu engajamento com algumas questões sociais. Ela é conselheira do Conselho Cearense de Direitos da Mulher e foi ex-coordenadora do Fórum da Mulher. Escreveu o livro Sem Medo da Delicadeza, de 2000, um ensaio sobre a violência masculina, e fundou a ONG Nave (Núcleo de Ação e Valorização da Espécie Humana). Aposentou-se mais cedo do Ministério da Saúde para se dedicar a causas que acreditava e também à literatura. Três vezes ao ano oferta o curso de escrita criativa cuja proposta é fazer os alunos darem forma literária àquilo que querem dizer. É também colaboradora do jornal O POVO onde publica alguns de seus textos. "Quando se fala em engajamento, sempre se pensa em questões sociais, mas, pra mim, toda literatura é engajada. Mesmo que seja com o amor", analisa ela.

"Fiz recentemente uma viagem ao Leste Europeu e, ao olhar aqueles monumentos, me veio à mente como tudo é transitório e passageiro. Por isso quero registrar as coisas, porque a vida está passando muito rápido", diz. Na ficção de Nilze, a vida também corre rápida, de alguma maneira abençoada ou rejeitada pelo Sol que está no título, na capa do livro e ao longo dos textos. "Até mesmo nas crônicas o Sol está presente, testemunhando tudo, porque é o único que é permanente", diz. "No primeiro conto, eu me coloco como uma personagem de Camus que, por causa do Sol, se livra dos limites, uma metáfora da própria literatura", pontua. E tratar sobre a literatura é também pulsante em seu trabalho. Está nos contos; nas epígrafes, que mantém relação estreita com o conteúdo dos textos; nos diálogos da última seção, que estabelecem uma intertextualidade entre Nilze e seus autores mais caros.

A escritora já esteve na última Bienal Internacional do Livro de São Paulo para lançar o livro. "Foi uma experiência maravilhosa. Em São Paulo, há uma valorização incrível do livro e a Bienal é cheia de gente", comenta. Para o lançamento aqui em Fortaleza, quem apresenta o livro é o professor e escritor Batista de Lima. Os dois se conheceram há muito tempo, desde quando Nilze ganhou o Prêmio Estado do Ceará, em 1981, o que a projetou no meio literário com o romance No Fundo do Poço. "Batista conhece muito minha obra e, como tem uma disciplina de Literatura Cearense na Uece, costuma mandar seus alunos até mim para conversar sobre meus livros", afirma. A cereja do bolo fica a cargo do grupo Poemas Violados que interpretará alguns de seus contos – essas palavras mágicas que Nilze deixou registrada contra a omissão.

Fonte: Portal Jornal O POVO. 02.10.2008. Por Alan Santiago

Serviço:

Tudo Por Causa do Sol
Nilze Costa e Silva
Scortecci Editora
Literatura brasileira
ISBN 978-85-366-1252-2
formato 14 x 21 cm
1ª edição - 2008

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