VINTÉM / José Huguenin
Duas coisas me chamaram a atenção quando comecei a ler os poemas de José Huguenin: a musicalidade suave, que nos conduz durante a leitura, e a expressividade desconcertante, que mexe com os sentimentos, aqueles mesmo que, para sobreviver, escondemos dentro de nós. Muitos de seus textos podem ser lidos como se cantados e aceitariam de bom grado que se lhes pusessem notação musical, porque têm ritmo e melodia que arrebatam quem lê.
E como são repletos de significado! O autor transita por diversos estilos, quase como se não fosse apenas um, mas vários Josés a escrever. Flerta com o concretismo e passeia tanto pelos textos mais verborrágicos (sem nunca nos cansar com seus “excessos”) como pelos mais enxutos (sem nunca nos deixar à deriva) – nos dois casos, exige a participação do leitor, porque nunca se esquece de quem fica do outro lado da obra. Sua mensagem – a emoção que desperta em quem se aventura por suas linhas – é eficiente, seja qual for o estado de espírito que o tenha movido às letras. A temática é abrangente, indo dos temas íntimos e pessoais (“Tua voz”, emocionante, de levar às lágrimas!), amorosos (“Causalidade”, poema tão certeiro que não tem explicação), filosóficos (“O que sou”, espécie de encruzilhada com que cedo ou tarde nos deparamos), aos sociais (“Olha ele, moço”, pede a todos nós o escritor), sem se furtar a refletir também sobre questões que envolvem a literatura e a escrita (“Palavras”, poderosas e difíceis de domar).
Huguenin chamou seu livro de Vintém, um pouco por “vergonha das linhas escritas em tempos idos, [que] talvez não chegassem nem à vigésima parte do que é preciso para se publicar (numérica e qua-litativamente!)”. Vintém também tem o sentido de “pouca valia” e pode ser usado “para dizer que se tem um pouquinho de algo”. E aqui me resta dizer apenas uma coisa, com absoluta segurança: aquele que tiver a oportunidade de ler este livro, descobrir-se-á rico ao chegar ao final, tanto é o que nos oferece (e nos deixa) o autor.
Quanto valem estes versos?
Um vintém? Um milhão?
Valem o esforço da leitura?
Despertam em ti emoção?
A julgar pelos versos acima, a leitura de Vintém, primeiro livro publicado de José Huguenin, é um convite, quase uma convocação. Há que se passear com calma pelas páginas deste livro. É um passeio breve, bem de acordo com o tempo atual, em que menos é mais, tamanho é o universo de informações com que temos que lidar. Mas nem por isso menos intenso, como é a experiência estética que só os verdadeiros Artistas (assim mesmo, com A maiúsculo) podem proporcionar. É preciso chegar ao final deste passeio para responder ao autor quanto valem e para que servem os versos reunidos no livro. Uma coisa é certa: leitor algum abandonará o passeio pela metade.
Quanto valem estes versos?
Um vintém? Um milhão?
Servem para serem esquecidos?
Ou guardados no coração?
José Augusto Oliveira Huguenin nasceu em 1978 em Santa Rita da Floresta – Cantagalo (RJ). Casado, um filho, formou-se em Física e hoje é professor universitário em Volta Redonda (RJ). Foi premiado em alguns concursos e participou de uma antologia em 2012. Vintém é seu primeiro livro.
Serviço:
Vintém
José Huguenin
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-3131-8
Formato 14 x 21 cm
44 páginas
1ª edição - 2013
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