VERSOS ÍNCUBOS / Igor Buys
O poeta e artista plástico inglês William Blake (1757 – 1827) tem o seu estilo, muito peculiar, definido como — arte fantástica. Diria que os textos predominantes na obra em questão merecem ser chamados também, como os de Blake, de poesia fantástica. São poesias de tema amoroso que têm como tônica a tentativa do eu-lírico de sugestionar a bem-amada a perceber a sua presença sensorialmente através dos versos e, assim, envolvê-la.
Entanto, o livro não se resume à poesia fantástica. Há, em seqüência a esta, uma forma de versejar exacerbadamente sensual e, por vezes, apaixonada, incandescente. A temática amorosa na obra nem sempre passa pelo fantástico ou pelo sensual; temos o amor tratado de modo mais psicológico e singelo, com o flagrante dos conflitos internos e momentos de solidão que envolve. Finalmente, o livro inclui poesias de temáticas outras, além da amorosa: há textos de conteúdo político e, outrossim, de reflexão filosófica em sentido estrito, além daqueles que fazem a crônica e a antropologia livre da cidade do Rio de Janeiro.
Os versos livres não são a única forma que a poesia de tema amoroso ganha na obra. Há sonetos alexandrinos em meio a poesias quase concretistas, caracterizando a miscelânea mais ou menos constante nos que aderem ao pós-modernismo. Bom exemplo é o soneto seguinte, escrito para uma certa Daniela, cujo nome ecoa nos versos, em dois momentos:
Oceano arquejando, indo e vindo no acúbito,
Areia a ronronar, arranhando em decúbito;
Beijo boca salgada, dois seios de orvalho,
Dedos meus numa púbis de água e cascalho.
A terra e o mar de fuga, o eterno e o súbito,
Dois titãs se procuram, imenso concúbito,
Como nós, nos amando, em meio ao crisalho,
Vai-e-vem solitário, solidário malho.
Amo a noite e a mulher, ela a mim e a Urano,
Afogada entre estrelas, grávida de arcano.
Dá-me ela o olhar onde a lua se espelha:
– Não me abandone ela! peço a tal centelha.
E a espuma e a marola transfogem de mim
Quando a invadem odisséias, naufrágio e anequim...
(I.B.; Não Me Abandone Ela)
Poesia ou magia? Obscuridade ou paixão? Palavras capazes de invadir a casa, o quarto, a vida de uma mulher e alterar a química do seu corpo: materializarem-se, tocá-la.
O poeta e artista plástico inglês William Blake (1757 – 1827) tem o seu estilo, muito peculiar, definido como – arte fantástica. Os textos predominantes nesta obra, bem assim, merecem ser chamados, como os de Blake, de poesia fantástica. São poesias de tema amoroso que têm como tônica a tentativa do eu-lírico de sugestionar a bem-amada a perceber a sua presença sensorialmente através dos versos e, assim, envolvê-la:
Vem dar no meu verso, vem.
Meu verso está suspenso
onde podes achá-lo, é certo.
Meu verso está na tua casa,
senta-se à mesa.
Espia por trás da cortina
e vê quando passas, na madrugada
íntima, com olhos vampiros.
Meu verso é um intruso discreto,
é filho da noite, e te ronda.
Coa estaca entre as mãos, curiosa,
vais relê-lo, conferi-lo,
sorver seu feitiço, meigo e liquórico.
[...]
Entanto, o livro não se resume à poesia fantástica. Há, em sequência a esta, uma forma de versejar exacerbadamente sensual e, por vezes, apaixonada, incandescente. Temos na obra, ainda, o amor tratado de modo mais psicológico e singelo, com o flagrante dos conflitos internos e momentos de solidão que envolve. O livro inclui, ademais, poesias de temáticas outras, além da amorosa. Há textos de conteúdo político e, outrossim, de reflexão filosófica em sentido estrito.
Igor Buys - Carioca, nasceu em 1968; cursou os bacharelados em Filosofia e Direito e é servidor inativo da Justiça Federal.
Serviço:
Versos Íncubos
Igor Buys
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-3634-4
Formato 14 x 21 cm
144 páginas
1ª edição - 2014
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