LEMBRANÇAS / Peter Naumann
Originalmente escrito por alguém que acredita na permanência da memória como um precioso legado familiar, este relato é documento histórico de alto valor: Peter Naumann não é um avô empenhado em entreter os netos, e sim testemunha de eventos que mundialmente convém relembrar. Sobrevivente do Holocausto, o autor viu a família materna desaparecer sob o violento domínio nazista. Ainda menino, interrogava-se para onde viajavam seus parentes, pois subitamente deixavam de visitá-lo.
Aos oito anos, despediu-se da avó, que com um amarrado de cobertores e uma pequena mala embarcava em um caminhão verde, numa viagem sem retorno. Aos nove, ouviu a mãe dizer “Volto logo”. Ela bateu a porta e saiu acompanhada por dois oficiais da Gestapo. Sob proteção da família paterna, Peter foi testemunha também da instalação da ditadura stalinista no leste alemão.
Não espanta, portanto, que a imigração para o Brasil, em 1953, tenha-lhe ocorrido como o encontro com o mito do paraíso tropical. Se limitado à autobiografia, o livro valeria pela histórica tocante, profundamente pessoal. Mas o autor vai muito além, inscrevendo sua vida no destino coletivo, a partir de pesquisas iniciadas meses após a queda do Muro de Berlim.
Ao falar a seus netos e bisnetos, o narrador presta homenagem à sua família e aos seis milhões de judeus assassinados pelo III Reich, lançando seu próprio memorial, na esteira do que a Alemanha começou a fazer pelas vítimas quarenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Este livro é, sobretudo, uma poderosa afirmação da vida. Desde o humor com que comenta a inserção na vida brasileira, passando pelo romantismo de quem há 52 anos vive, em amor, com a companheira brasileira, as confidências de Peter Naumann mostram que a construção de uma nova família é sua verdadeira e mais íntima homenagem.
Luisa Destri - jornalista, é mestre em teoria e história literária
Lembranças - Em 1953, aos dezenove anos de idade, embarquei em Hamburgo no navio que me levaria ao Brasil, país praticamente desconhecido na Alemanha. Amigos, todavia me asseguraram que é “tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente e a infolhescência dos cedros, às primeiras chuvas de setembro, abre a dança dos tangarás; onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume” ?
Monteiro Lobato
A expectativa era grande, e as dúvidas também. Será que essa gente brasileira era realmente tão cordial como diziam, as mulheres tão bonitas como eu gostaria que fossem, e as paisagens tão deslumbrantes na terra e no mar? A certeza, deduzida pelas cartas da tia, era de que os brasileiros ainda cultivavam valores que fazem parte da decência humana, abolida na Alemanha no ano em que nasci.
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Lembranças:
Como Contar Para Meus Netos?
Peter Naumann
Scortecci Editora
Memórias
ISBN 978-85-366-3952-9
Formato 16 x 23 cm
228 páginas
1ª edição - 2014
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